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7 de fevereiro de 2015

SABRINA LIXO

Eu não costumo fazer posts, nem publicações nas redes sociais expressando uma opinião quando se trata de algo muito polêmico. Sempre prefiro ficar na minha do que gerar uma eterna discussão de opiniões contrárias que não vai levar a lugar nenhum (infelizmente). Mas dessa vez, diante de tanto comentário sem embasamento e xingamentos de baixo nível resolvi me impor sobre esse assunto que está sendo tão falado: a roupa da Sabrina Sato no Baile de Carnaval da Vogue 2015. Muitos podem enxergar esse assunto como algo super fútil, mas o que estamos falando vai muito além de moda e da noção pessoal do que é bonito ou feio. 

A Vogue promove todos os anos um baile de carnaval que reúne diversos famosos, subcelebridades, blogueiras e "fashionistas". Todos os anos o baile vem com um tema e o desse ano foi baile de máscara aos moldes dos que eram comemorados na Versalhes de Maria Antonieta e Luís XVI com toques de cabaré. Também como tema tivemos as cores vermelho, dourado e preto representando sedução, elegância e luxo. Até aí tudo bem né?

Como todos os anos, tivemos o clássico: mulheres ricas e famosas com vestidos longos carregados de cristais e brilhos, assinados por grandes nomes da moda. Mas o problema todo se voltou para uma pessoa, que resolveu fugir do comum e apareceu no baile fantasiada de Crazy Horse, o cabaré mais icônico de Paris. Esse espetáculo já teve nomes como Paco RabbaneAzzedine Alaïa na criação dos figurinos, assim como Christian Louboutin assinava todos os sapatos do espetáculo. A pessoa que cometeu esse terrível e inaceitável erro de ir fantasiada de dançarina de cabaré parisiense numa festa a qual o tema era exatamente esse? Sabrina Sato.

Sabrina Sato teve a incrível ousadia de se aprofundar no tema criado pelo Baile da Vogue, e aparecer com um look que corresponde a todos os requisitos da festa: é uma fantasia coerente para um carnaval (sim, vale lembrar que esse baile é de carnaval), está dentro do tema do baile e traz muita informação e história da moda e dos costumes da época. Por que isso foi visto de uma forma tão errada e subjetiva pelas pessoas? Porque ela estava seminua, simples.

O comentário mais falado nas redes sociais é que Sabrina estava vulgar enquanto o resto do baile estava elegante com vestidos clássicos. Agora deixa eu dar um recado pra vocês, elegância e vulgaridade não vem da forma como nos vestimos e sim como agimos, e vamos combinar que xingar uma pessoa por uma roupa que não lhe agradou não é nada elegante né? Estudando faculdade de Moda aprendi a valorizar a opinião de cada um. Todos nascemos com senso crítico sobre tudo e nunca vamos agradar a todos quando falamos de moda, mas respeito é crucial nessa história. Esse acontecimento só reforçou como as pessoas tratam a nudez como um tabu, e são capazes de julgar pelo simples fato de uma pele estar a mostra. É estranho isso acontecer justo no carnaval, onde (sem motivos racionais) as pessoas "aceitam a nudez", mas opa, ela estava em um baile de gala da alta sociedade e então falaram que lugar de ficar nua era na Sapucaí. WHAT'S HAPPENED TO THE WORLD?

O que me levou a fazer essa crítica foi a falta de informação das pessoas. A Vogue é uma revista de moda então qual o problema de alguém fugir dos padrões comparecendo a um evento que pertence a esse mundo? Julgar pelo nosso senso crítico é errado e nunca vai funcionar, aprendam. Não achar bonito é normal, mas ofender sem saber o embasamento da coisa é burrice. Parabéns Yan Accioli, stylist que com certeza foi responsável por todo o estudo que levou a este look e parabéns Sabrina Sato pela ousadia. Aos críticos de facebook: vulgaridade, lixo e falta de elegância define bem a posição de vocês nessa história.

Matheus Pierozan